Despir-se não é ficar nu, mas vestir-se apenas de você

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segunda-feira, 11 de maio de 2015

UNDRESS

Corpos em poses que parecem trasbordar, ao mesmo tempo, tranquilidade e excitação. Essa foi a leitura que tive a primeira vez que vi a foto do artista plástico Martin Ogolter, emprestada para dar personalidade visual ao blog. A escolha se deu por seu impacto visual, mas ao conhecer melhor a série e o significado do nome Fugacious, a relação se intensificou. Numa tradução literal Fugacious significa efêmero, transitório. Algo que que para mim tem muito a ver com o conceito de liberdade que falamos nesse espaço, um sentimento que vivemos em constante busca, mas que está sempre fugido, dura pouco e por isso é relacionado com os verbos escapar e fugir. 

As fotos dessa série são feitas embaixo da água do seu chuveiro, o que dá certa sensação de conforto para o modelo, que fica mais livre para expressar suas emoções. Durante o processo, os corpos também ganham uma tinta preta que, em contato com a água, cria um efeito plástico bastante interessante, aberto a inúmeras interpretações. Além de servir comi uma espécie de máscara ou fantasia, o que ajuda a quebrar a timidez.

Conheci Martin ao convidada a ser um dos modelos desse projeto, um dos próximos dele a ser lançado em breve, e virei admiradora de suas obras. Nascido numa cidade pequena da pequena Áustria, Ogolter estudou e morou 13 anos em Nova Iorque, onde trabalhou como designer, diretor de arte e fotógrafo em projetos de sucesso, até se mudar há cerca de 12 anos para o Brasil e se dedicar de vez às artes plásticas. 

Aqui parece ter encontrado personagens, texturas, objetos ou restos de objetos que transforma em arte. Ou retransforma a partir do seu olhar.  De personalidade forte, porém aparentemente muito tímida, o artista talvez encontre na arte uma forma de expor também seu universo interno, cheio de sensualidade, figuras muitas vezes abstratas e personagens pitorescas.

Morador de um apartamento com vista para o mar de Copacabana, a praia e o bairro são constantes inspirações para o austríaco. Nas suas diárias caminhadas pelas areias de Copa tem retratado o que chama de Garotas de Copacabana. São mulheres de todos os tipos, na maioria das vezes fora do estereótipo de beleza criado com a Garota de Ipanema, talvez por isso uma crítica ou contraponto à ditadura atual dos corpos perfeitos e os modismos das praias. 

As imagens mostram mulheres reais - umas um tanto quanto pitorescas - num ritual próprio e solitário, porém aparentemente livre, de busca "por um lugar ao sol". Postei as que mais gosto aqui, mas outras podem ser vistas no Instagram do artista @martinogolter. Ou, ao vivo, a caminho do mar, como a da música. (www.martinogolter.com)

APN

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