Despir-se não é ficar nu, mas vestir-se apenas de você

Despir-se não é ficar nu, mas vestir-se apenas de você

domingo, 17 de maio de 2015

O desafio de ser Carmen Mayrink Veiga

Sempre a achei linda, mesmo com traços que eu pouco valorizava, como os olhos fundos e o nariz aquilino - que, por consciência, já fez parte, no passado, do desenho do meu rosto. Sem dúvida também a mulher mais chique do seu tempo - e do atual, mesmo doente e com as finanças abaladas, ainda dá banho de requinte à fraca safra das chamadas socialites. Ela sim fez jus ao termo, tão em baixa nos dias de hoje. Tanto pelo requinte e estilo de vida, quanto pelas lendas, dignas dos folhetins mais exagerados de Janete Clair.

Talvez muitas de suas histórias tenham inspirado algumas novelas. E ainda inspiram. O que dizer do dia em que Carmen foi a um jantar, depois de comparecer à entrega do Oscar, e demorou 20 minutos para desembarcar de uma limusine. O evento era oferecido por Madonna e Demi Moore, em Los Angeles, por conta de um videoclipe no qual as três foram homenageadas. A demora foi devido ao tamanho do vestido de Carmen. Excentricidade que nunca arranhou seu título de uma das pessoas mais bem vestidas do mundo, segundo a revista Vanity Fair.

Mas como em toda novela, o lado vilã de Carmen foi o que sempre despertou em mim uma certa magia, já que nunca fui muito afeita a histórias de mocinhas. Uma vilã chique e de personalidade, com dose certa de humor e maldade. A história de como teria impedido a modelo Luma de Oliveira de casar com seu filho, o playboy bonito e bom partido Antenor Mayrink Veiga povoou de versões as altas rodas cariocas.

Segundo algumas, Carmen teria oferecido dinheiro para Luma desistir do namoro com Antenor durante um jantar aparentemente cordial num restaurante refinado do Rio de Janeiro. Paralelamente, teria armado ciladas para tentar provar ao filho que a namorada tinha uma vida um tanto quanto fácil. Apesar de nada ter sido provado, as histórias fortaleceram a imagem de mulher controladora e maquiavélica, que perdura até hoje. 

Trinta anos depois dessa e de outras histórias, me vejo no difícil papel de parecer com Carmen, numa rápida aparição no seriado global Dois Irmãos, do diretor Luiz Fernando Carvalho. Apesar de não ter mais o nariz de Carmen, os olhos fundos e o cabelo bem preto foram decisivos na escolha de mim para o papel. Numa rápida pesquisa também descobri que somos do mesmo signo, touro. E foram essas histórias que imediatamente lembrei ao encarnar o personagem durante a cena, passada numa festa da alta roda paulistana, nos anos 60. E, como aprendi com a preparadora de elenco Fátima Toledo, tentei resgatar dentro de mim os mesmos sentimentos. Só a própria personagem para dizer se realmente consegui.  

Mas o importante é que, por alguns minutos, posso dizer que fui Carmen Mayrink Veiga.

APN


7 comentários:

  1. Eu gostei do texto, do papel, das fotos. Parabéns pelo desafio. A Carmen é um grande exemplo, uma pessoa fascinante, exemplo de bom gosto, cultura, educação e beleza. Ela parece uma personagem de conto de fadas, com os bailes nos castelos e tudo, realmente admirável. O mundo precisa de beleza, de educação, de pessoas civilizadas, a humanidade está cada vez mais dura e desinteressante.Que sorte do Brasil ter a Carmen! Parabéns pelo papel, por sua beleza nas fotos. Sucesso! Abraço, Jamill. http://blog.jamillbarbosaferreira.com

    ResponderExcluir
  2. No se si Carmen lograría o se expresaría en esas palabras, sin embargo es impecable tu cómo reflejo de ella en el uso de las palabras y en la expresión de tu imagen. Bravo! Disfrute la lectura pena que no sea tan prodigiosa mi escrita en portugués y por ello prefiero hacer justicia en mi idioma natal.

    ResponderExcluir
  3. Você está perfeita na personificação da lendária " tia " Carmen. Parabéns! Quanto ao texto, igualmente perfeito! Congratulations, again! ( Quanto à história da entrega do cheque durante um jantar, é verdadeira. Conheci, nos tempos do JC, o fotógrafo que foi contratado para registrar a cena, mas não digo o nome nem sob tortura )

    ResponderExcluir
  4. Uma verdadeira megera, agora sem dinheiro e sem saúde.

    ResponderExcluir
  5. CARMEN MAYRINK VEIGA: DO APOGEU À DECADÊNCIA, AGORA SEM DINHEIRO E SEM SAÚDE

    ResponderExcluir
  6. POBRE NÃO PODE SER ELEGANTE E PRETO PODE REBOLAR Á VONTADE QUE JAMAIS VAI SER SEXY KKKKK, DIZ CARMEN MAYRINK

    ResponderExcluir